tag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post2739320484318409173..comments2024-02-06T01:19:36.619-03:00Comments on Medicina Baseada em Evidências: O Dilema da Medicina Moderna: Zolgensma, a droga mais cara do mundoLuis Cláudio Correiahttp://www.blogger.com/profile/02909537501158073052noreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-81479401296263635172020-09-16T15:30:36.392-03:002020-09-16T15:30:36.392-03:00Conforme previsto há 1 mês atrás, já saiu a primei...Conforme previsto há 1 mês atrás, já saiu a primeira decisão judicial obrigando ao pagamento do preço absurdo desse remédio:<br /><br />https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/09/16/justica-manda-uniao-pagar-r-8-milhoes-de-remedio-que-pode-salvar-bebe.htm<br /><br />Agora é esperar as outras centenas, senão milhares, de pedidos que virão. Se essas decisões não forem urgentemente reformadas, pode ser que esse um único remédio seja a gota d'água para o já falido estado brasileiro.SwineOnenoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-56986686885910104962020-08-24T23:59:11.730-03:002020-08-24T23:59:11.730-03:00Excelente Luis. Vivemos em um Brasil com uma disto...Excelente Luis. Vivemos em um Brasil com uma distopia esquizofrênica na saúde. Acredito que o princípio do utilitarismo deve nos guiar nessas difíceis decisões.<br />Parabéns.Walter Homenahttps://www.blogger.com/profile/08081964584987650597noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-25874657189935083242020-08-24T08:35:18.482-03:002020-08-24T08:35:18.482-03:00Caro amigo Luis,
Uma questão complexa, que vai al...Caro amigo Luis,<br /><br />Uma questão complexa, que vai além da Metodologia Científica, do Choosing Wisely e da Economia Médica. Me parece mais um conflito envolvendo Ética pessoal e de instituições, e política econômica global.<br /><br />Embora o crescimento da população humana tenha sido desacelerado pela COVID-19, ainda somos mais do que 7 bilhões, caminhando em direção aos 8. Nesse contexto, doenças raras se tornam numericamente mais frequentes.<br /><br />Qual o "valor" de uma vida humana? Como contrabalançar o valor de mais algum tempo de vida — com maior ou menor qualidade — de um número pequeno de indivíduos contra o número ainda expletivo de indivíduos que não têm um mínimo de qualidade de vida por falta de tecnologias bem mais simples — como elementos básicos de nutrição e saneamento básico? Se uma vida não tem preço, não devíamos todos nos envolver — no Brasil — em um movimento que garantisse prevenção e tratamento a inúmeros casos de doenças infecciosas e infestantes — como Esquistossomose, diarreias, anemias, e outras —que reduzem a qualidade de vida, afligem e matam cidadãos? Qual, ou quais, as vidas que devem ser salvas, ou preservadas com qualidade?<br /><br />O fato de que uma indústria privada investiu em pesquisa neste tratamento evidencia seu desejo de ressarcimento monetário. Devemos pensar: durante quanto tempo os pesquisadores investiram até chegar a esses resultados? Quanto tempo é viável (e justo) que esperem até o ressarcimento? E quem deve ser o responsável econômico, sabendo-se que ao longo do tempo haverá outros pacientes (e o custo econômico se diluirá)? será que, após pago o valor estimado por essa pesquisa, o valor do tratamento para os novos pacientes que surgirem se resumirá aos custos de produção?<br /><br />Algo que sabemos é que a pesquisa em indústria farmacêutica não trabalha exclusivamente em função de "salvar vidas" ou "aumentar a qualidade de vida". Mais do que auto-sustentação, ela deseja lucro.<br /><br />Este tipo de situação tem um alto impacto emocional. E a sociedade responde também de forma emocional.<br /><br />Um outro fator que devemos levar em conta é que, na mentalidade da maioria dos cidadãos, "o que é do governo não é de ninguém". Quando se julga a respeito de quanto os cofres públicos devem pagar a quem — e porque — raramente se para pra pensar de onde esses recursos surgirão.<br /><br />Surgirão de recursos que os gestores de saúde terão de deslocar de outros programas como saneamento básico e controle a vetroes e zoonoses. Ou de uma mobilização de outros projetos, como os da educação. Dificilmente afetarão remunerações de altos cargos do executivo, legislativo e judiciário — e suas respectivas qualidades de vida.<br /><br />E o globo continuará a rodar, COVID-19 ou outro patógeno qualquer.<br /><br />Dá o que pensar. Diria o programa de TV: "Vamos abrir as Portas de Esperança!"Tangram Tradução Científicahttps://www.blogger.com/profile/05544449701753761077noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-36562878617452776432020-08-22T09:02:13.456-03:002020-08-22T09:02:13.456-03:00Entendo que o capital não pode estar acima da vida...Entendo que o capital não pode estar acima da vida. A discussão não deveria ser se a sociedade pode pagar tanto por uma tecnologia, mas até quanto a indústria pode lucrar com ela. Uma coisa que não ficou clara no seu texto e eu não fui buscar: sem a terapia, qual é o prognóstico das crianças até os 20 meses de vida.Danielahttps://www.blogger.com/profile/17749496806124409850noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-22681359517141467402020-08-21T19:16:06.997-03:002020-08-21T19:16:06.997-03:00(Continuação)
Evidentemente, o resultado de tal p...(Continuação)<br /><br />Evidentemente, o resultado de tal política seria que vários remédios deixariam de ser desenvolvidos, especialmente para doenças extremamente raras, onde será necessário cobrar um alto custo dos poucos pacientes existentes para cobrir os custos de pesquisa e desenvolvimento. Isto parece trágico, mas não podemos esquecer que a economia é a ciência de gerenciar recursos escassos. Como bem apontado no artigo, assim que começarmos a gastar R$ 3,6 bilhões/ano com este medicamento (e não se engane, isso acontecerá, como explicado acima), imagine quantos milhões de pessoas serão prejudicadas pela falta deste dinheiro, para beneficiar apenas 300 pessoas?<br /><br />Qual a solução? Gerenciar os recursos escassos de forma racional, para que a economia continue crescendo, e o inexorável progresso permita que no futuro, um medicamento como esse possa ser desenvolvido com custo baixíssimo, e esteja ao alcance de todos que precisarem dele. Se isso parece utópico, pense o quanto era caro e rudimentar o primeiro computador (desenvolvido há menos de um século), e como, no lapso de tempo de uma vida humana, os computadores se tornaram tão baratos e poderosos. Infelizmente isso significa que algumas pessoas irão morrer por doenças cujo tratamento, tecnicamente falando, está ao alcance da tecnologia hoje. Porém, apenas porque a tecnologia existe, não significa que ela é viável. Façamos um experimento mental: imagine que, a muito custo, alguém enviasse um paciente com câncer ao espaço e descobrisse que o ambiente de microgravidade cura o câncer (lembre-se, é um experimento mental, não é para ter bioplausibilidade). Existem recursos hoje para mandar uma pessoa ao espaço e curar o câncer daquela pessoa específica? Sem dúvida, mandamos astronautas ao espaço com certa frequência. A pergunta é: temos condições de mandar todos os doentes de câncer para o espaço? Poderíamos acabar com toda a riqueza da humanidade e nem assim conseguiríamos enviar todos os doentes de câncer ao espaço, mesmo que um juiz autorizasse cada paciente que requisitasse esse tratamento.SwineOnenoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-62939232338954791512020-08-21T19:15:48.464-03:002020-08-21T19:15:48.464-03:00O preço cobrado pelo medicamento deixa bem clara a...O preço cobrado pelo medicamento deixa bem clara a intenção do laboratório que o desenvolveu (ao menos, estou admitindo, como leigo, que o custo de produção do remédio é baixíssimo, e que o preço cobrado tem como intenção recuperar os custos de pesquisa e desenvolvimento).<br /><br />Senão, vejamos. Qual a intersecção do conjunto "pessoas que dispõem de US$ 2 milhões para pagar o tratamento dos seus filhos" com o conjunto "pessoas que tem um filho com atrofia muscular espinhal tipo I"? Acho que não precisa pesquisar muito para descobrir que essa intersecção é o conjunto nulo, ou no máximo dá para contar o número de elementos nos dedos das mãos. Quem tem utilidade para o remédio não tem dinheiro, e quem tem dinheiro não tem utilidade para o remédio.<br /><br />Como tal, fica claro qual o público-alvo do laboratório. Qual entidade considera US$ 2 milhões o trocado da padaria? Como muito bem identificado pelo texto, os governos. Para ficar no exemplo do que aconteceu aqui no Brasil, agora com a aprovação da Anvisa, haverá uma chuva de ações judiciais exigindo o pagamento por este tratamento. Para cada ação judicial, haverá um juiz que nunca trabalhou no mundo real, que recebeu seu gordo salário de juiz em dia a vida inteira, e que acha que dinheiro dá em árvore (talvez não literalmente, ou assim espero, mas efetivamente pensa como se assim fosse), o qual autorizará o tratamento, independente do preço. Podia custar US$ 20 milhões ou US$ 200 milhões, autorizaria do mesmo jeito, porque "a vida não tem preço".<br /><br />Pagar por este medicamento é o equivalente a negociar com terroristas. Isto simplesmente não pode ser feito, por princípio. Todos os países deveriam ter uma cláusula pétrea em suas constituições afirmando que, independente da condição e do contexto, remédios com custo acima de X por ano, ou por tratamento, jamais serão pagos pelo governo. E X não deveria ser muito alto: aqui no Brasil, talvez algo como o teto do INSS. Se os laboratórios já soubessem, de antemão, que todos os governos do mundo estariam proibidos de pagar preços tão absurdos nesse tipo de medicamento, então colocariam um preço razoável, que pelo menos algumas pessoas conseguiriam (com muito sacrifício, mas conseguiriam) pagar.<br /><br />(Continua na sequência...)SwineOnenoreply@blogger.com