tag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post5388231436907124687..comments2024-02-06T01:19:36.619-03:00Comments on Medicina Baseada em Evidências: SCOT-HEART: desfecho secundário travestido de primárioLuis Cláudio Correiahttp://www.blogger.com/profile/02909537501158073052noreply@blogger.comBlogger13125tag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-10629242873801236792018-10-01T15:52:30.780-03:002018-10-01T15:52:30.780-03:00Parabéns professor, como sempre alto nível! Mas me...Parabéns professor, como sempre alto nível! Mas me diga, É comum em muitos grupos serem criados projetos do tipo "guarda- chuva" com vários pedaços(desfechos), isso contribui para o fenômeno do P-hacking, correto? uma vez que, os desfechos secundários concorrem entre si, e também não há cálculo amostral individual. AbsAntônio MarcoShttps://www.blogger.com/profile/01789207285747934250noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-4629079956969225502018-10-01T09:39:59.615-03:002018-10-01T09:39:59.615-03:00Parabéns professor, como sempre alto nível! Mas me...Parabéns professor, como sempre alto nível! Mas me diga, É comum em muitos grupos serem criados projetos do tipo "guarda- chuva" com vários pedaços(desfechos), isso contribui para o fenômeno do P-hacking, correto? uma vez que, os desfechos secundários concorrem entre si, e também não há cálculo amostral individual. AbsAnonymoushttps://www.blogger.com/profile/17996441741944810659noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-65599445227068433852018-09-25T12:20:13.956-03:002018-09-25T12:20:13.956-03:00Maravilhoso!
E fazendo uso de um de meus contos de...Maravilhoso!<br />E fazendo uso de um de meus contos de fadas favoritos!!!<br /><br />E a Cochrane? Quanta decepção, hein?Cristina Pavanihttps://www.blogger.com/profile/15265169517221712364noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-77168239740093740582018-09-24T16:16:39.198-03:002018-09-24T16:16:39.198-03:00Excelente perspectiva levantada pelo Luis sobre o ...Excelente perspectiva levantada pelo Luis sobre o estudo, à luz dos viéses cognitivos. A analogia à história do Rei Nú é extremamente feliz quando se trata das fake-news e nos remete ao "comportamento de manada", muito estudado na psicologia social e que nos mostra como podemos adotar comportamentos errados diante de um contexto maior de comportamento coletivo. É muito claro que simplesmente seguir comportamentos externos, sem fazer juízo crítico, nos é mais econômico do ponto de vista de gasto de energia cerebral, e é um mecanismo de "sobrevivência" social. Por outro lado, diante de práticas profissionais que podem influenciar a vida de outra pessoa, pode ser algo extremamente danoso. Cito aqui o interessantíssimo estudo de Solomon Asch sobre a "unanimidade burra", em que voluntários reproduziam respostas erradas de outros falsos voluntários diante de simples testes visuais. Fica mais fácil entender a pesquisa assistindo do que falando: https://www.youtube.com/watch?v=SSLW2Ar_jJYLucas Zambonnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-29787420988537792412018-09-22T22:49:11.445-03:002018-09-22T22:49:11.445-03:00Caro Luis
Parabéns por mais essa contribuição .
N...Caro Luis <br />Parabéns por mais essa contribuição .<br />Não poderia deixar de fazer uma analogia ao momento eleitoral que estamos vivendo , seja pelos fakes news e também pelo conto do rei nu <br />Temos um candidato que está nu, pelo vazio das suas propostas, e que tem sido seguido por uma legião de fanáticos <br />Que a criança possa despertar antes que seja tarde <br /><br />AbraçoRoberto Dultrahttps://www.blogger.com/profile/16507355674362587869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-41702402978288472882018-09-21T14:12:55.407-03:002018-09-21T14:12:55.407-03:00 A leitura dessa última postagem (e dos outros últ... A leitura dessa última postagem (e dos outros últimos posts) me fez parar pra delinear um pouco uma linha temporal do que vivemos de uns tempos pra cá. Mais do que refletir sobre o estudo, cabe - e em mim reverberou muito isso - a reflexão sobre o entorno, o cenário em que ele existe. Embora o meu contato com a ciência seja ainda muito pueril, sinto a presença da hipermodernidade e dos contextos sociais (um tanto falidos em alguns aspectos) que nos cercam rondando a ciência. Nos últimos tempos, tudo tem sido sufocante, o raso anda tomando conta da grande maioria do que que nos é ofertado enquanto leitura e as “fake news” andam se tornando um cartão de visita do que recebemos da mídia geral e, o mais desconcertante, da especializada. <br /> Quanto mais se pensa no cerne desse assunto, pior fica: maiores são as interrogações. Em mim, foram muitas. Seguem sendo. A beligerante indústria de produção de artigos, os valores “ecossistemáticos” morais e coletivos que se corrompem e essas corrupções, micro ou macros, que respingam no produto final que nos é ofertado; o culto ao pseudocientificismo feito por esse grande sistema industrial de maneira apoteótica; os holofotes que se viram pras grandes falácias… tudo isso aguça os sentidos de descrença e fazem pensar: até onde chegarão as indigestas produções? Os resultados dessa máquina alcançam qual distância? Até quando estudos assim serão pontas de uma enorme colcha de retalhos, nós de tensão na linha da ciência? O mais inquietante é imaginar o porquê, as razões. Como se já não fossem suficientes as trapaças da nossa própria mente, dos constantes fatores de confusão, no império do hoje, os reis nus travestidos de si mesmos são personagens grandes, que ganham forças e dimensões cada vez maiores, embaçando a realidade e pureza das evidências.<br /> As inverossimilhanças crescem e fazer ciência em um cenário assim acaba se tornando um grande manifesto, sobretudo a ciência séria, de qualidade, num país e numa época onde nos cerceiam os recursos e somos inundados pelas fantasias. Na visão de discente, ainda com muito caminho a percorrer e muito o que amadurecer, a inquietação aumenta. Afinal, textos assim não são só centelhas pra debates científicos, mas pra além disso, espelhos pra pensarmos e refletirmos o agora, o hoje. Mas, se também pararmos pra olhar as origens dos conceitos, lembremos da ideia de que a ciência serve sobretudo de filtro para as nossas realidades. Filtremos. Pedro Henrique Correiahttps://www.blogger.com/profile/15421982414129922732noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-61577375232806503812018-09-20T10:32:49.693-03:002018-09-20T10:32:49.693-03:00Espetacular!
Espetacular!<br />Anonymoushttps://www.blogger.com/profile/10084291158453542187noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-14925468755239586362018-09-20T09:57:31.807-03:002018-09-20T09:57:31.807-03:00- Uma vez que o protocolo não foi desviado em rela...- Uma vez que o protocolo não foi desviado em relação à hierarquia dos desfechos, o sucesso do estudo de 2015 vence qualquer problema metodológico grave do estudo de 2018. Revisores e editores de periódicos, leitores, tomadores de decisão, editores do ACP Journals e UpToDate e stakeholders certamente estarão em risco de aceitar esse resultado inverossímil (aliás, editores e revisores já o fizeram). Parece que anos depois do Ian Chalmers deixar isso explícito no BMJ, comparações injustas de tratamento, plano de publicações injustos, relatos injustos, e spin de escrita continuam radicalmente prevalentes. By the way: este problema seria muito menor se houvesse consenso sobre as razões de se fazer ciência: tentar mudar a sociedade e o status do conhecimento, e não ter publicações e citações. <br />- <br /><br /><br />Enfim, está é uma reflexão à parte do que já foi brilhantemente levantado por ti. Pior, não permitem pesquisadores, de forma honesta e não com vistas à prejuízo, investigar ou tentar reproduzir os resultados, porque o protocolo é mal escrito, a análise estatística que foi conduzida a posteriori não pode ser validada porque não existe plano a priori, potenciais desvios de protocolo não foram relatados nos manuscritos e, por fim, porque os dados brutos do estudo não estão disponíveis publicamente - o que é indefensável sendo o mesmo financiado com verba pública britânica. O meu único senão às tuas colocações é que eu não consideraria o estudo inaderente ao desfecho primário, já que este está descrito no manuscrito de 2015. Ele está travestido sim de desfecho primário, mas não por desvio de protocolo, mas sim por todo o ecossistema que ele está embebido.<br /><br />Um abraço forte,<br /><br />LHLucas Helalnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-31108060517055978492018-09-20T09:57:03.412-03:002018-09-20T09:57:03.412-03:00- Os desfechos secundários (mortalidade CV e IAM ...- Os desfechos secundários (mortalidade CV e IAM não fatal) NÃO ESTAVAM sujeitos à adjudicação no NEJM 2018. O problema não é somente do Lancet 2015 em que pacientes não foram cegados para um desfecho auto-relatado - angina de peito. Alguns dirão que não haveria como cegar pacientes para uma CCAT - eu já sou um pouco mais ortodoxo com esse tipo de situação nesse exato contexto de uma relevância clínica. Já a ausência de adjudicação é injustificável. <br /><br />Aqui o meu ponto mais importante: o artigo com os desfechos secundários foi elevado a um nível acima do que contém os desfechos primários. Propositalmente ou não. E aqui eu digo porque vejo o “travestimento” por outro lado e não por potenciais desvios de protocolo, já que o mais grave (que seria mudar a hierarquia de desfecho) parece não ter acontecido. Deixe me explicar:<br /><br />- O racional do estudo traz incongruências. A justificativa da condução do ensaio clínico é que testes diagnósticos encerram sob a égide de estudos de acurácia diagnóstica mas pouco se sabe em relação ao impacto sobre desfechos clinicamente relevantes. Mortalidade CV e IAM não fatal não deveriam ser desfechos secundários e sim desfechos primários, dada a justificativa (sou avesso à hierarquia dura de desfechos - isso realmente depende do contexto). Porque será que isto foi assim? Me deixe ser um tanto pernicioso.<br /><br />- O desfecho primário escolhido tem mais alta probabilidade de sucesso a tratamentos (ao acaso ou a placebo (ORBITA e outros), mas isso não importa em muitas vezes para a maioria dos leitores); tem com maior taxa anual de eventos (classicamente); tem maior risco de viés de aferição (embora o NEJM 2018 esteja radicalmente sob o mesmo risco). Então temos um planejamento de estudo para desfechos secundários relativamente mais robustos, e que deveria ser o estudo primário. Mas não foi isso que aconteceu e nem a robustez se manteve. Abaixo o que houve de mais grave na minha opinião: o momento em que o artigo que contem os desfechos com menor risco de viés e com maior impacto sobre tomada de decisão (mas que contém problemas metodológicos graves) foi publicado! <br />Lucas Helalnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-62614700035873828372018-09-20T09:56:04.474-03:002018-09-20T09:56:04.474-03:00- O protocolo (https://trialsjournal.biomedcentral...- O protocolo (https://trialsjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/1745-6215-13-184), além do registro (clinicaltrials.gov, NCT01149590) não é totalmente transparente. Muitas definições são faltantes, mas as que mais me chamaram atenção é a completa ausência da forma de medida - um experimento conduzido ano passado pelo Mayo-Wilson mostrou o quanto a multiplicidade de modos de medir um mesmo desfecho pode impactar o tamanho de efeito ou mesmo a síntese (MUDS Study). Outro ponto que me chamou atenção, e já levantado por ti, é que os desfechos não são claramente descritos no momento do tempo em que serão coletados e apresentados. Há uma passagem frágil sobre um tempo de follow-up de 10 anos (no registro, e não no protocolo) que não é rígida o suficiente para deixar claro o momento do tempo exato. Dessa forma, aqui há um grande problema de mau relato e, principalmente, de um desvio que deveria vir acompanhado de uma justificativa no manuscrito. PS: já que o NEJM não trabalha com revisão por pares abertas, guess what! Gostaria de saber o que revisores e editores acharam disso (ou se ao menos perceberam este simples ponto);<br /><br />- O desfecho primário foi relatado no Lancet em 2015 (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25788230), <br />e seguiu o proposto no registro e o protocolo originais (pelo menos no que chega até os nossos olhos). Isso atenua um potencial selective outcome reporting para esse fato em especial. É como uma gangorra;<br /><br />- De novo sobre relato, o desfecho secundário combinado não está claro em relação à composição e existem divergências entre o registro e o protocolo. É mencionada uma pletora de desfechos no protocolo para esse composto, já no registro é o combinado que está relatado no NEJM 2018. Aqui, o selective outcome reporting volta pra mim e minha dúvida cresce, especialmente acompanhada do tamanho de efeito observado. Como não existem dados abertos e não há plano de análises interinas, a perda do benefício da dúvida se engrandece. PS: O protocolo está no BMC Trials e tem as revisões disponíveis. É inacreditável o não-crivo que o protocolo sofreu. Preciso respirar fundo para não ser desrespeitoso com este caso; PS2: o plano de análise estatística foi liberado em março de 2018 em um repositório do departamento da PI (Michelle Williams), inacessível: https://www.research.ed.ac.uk/portal/en/publications/longterm-follow-up-of-the-scotheart-trial--statistical-analysis-plan(e401549b-5b4f-4fb4-a3db-9477e464aefc).html. Qual é o sentido de liberar esse documento em 2018 se os dados do SCOT-HEART começaram a sair em 2015?Lucas Helalnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-84849969870889403822018-09-20T09:55:30.599-03:002018-09-20T09:55:30.599-03:00Meu amigo Luís,
a (in)verossimilhança do tamanho ...Meu amigo Luís,<br /><br />a (in)verossimilhança do tamanho de efeito de um teste diagnóstico sobre mortalidade cardiovascular é realmente desconcertante. O SCOT-HEART perdeu uma grande de reduzir o número de "benefícios de dúvida" da comunidade científica (e de tomadores de decisão) ao se abster de controlar o estudo por um comparador ativo - se assim o fizesse, a rede de incertezas emaranhadas por axiomas Bayesianos, embora desconhecida por nós até o momento em relação ao impacto sobre o tamanho de efeito (que é provavelmente substancial, mas isto é somente uma opinião anedótica sem nenhum dado de suporte), estaria ao menos pareada erro a erro. <br /><br />Já em relação ao registro e ao protocolo, os dados disponíveis neles me causam sentimentos paradoxais em relação ao benefício da dúvida aos autores Me conheces o suficiente para saber o quão militante e rígido eu sou com ciência aberta, registros, protocolos e os potenciais desvios de. Qualquer desvio pra mim não é considerado detalhe. Deve ser olhado com atenção, apreciado em relação ao potencial impacto causado e, principalmente, deve ser acompanhado de transparência - desvios podem ocorrer não por conta de má conduta e, por isso, devem sempre ser relatados no manuscrito principal (ou em emendas). Realmente, como tu pontuastes, a aderência ao protocolo (ou o desvio justificado) é um demasiado reflexo de integridade científica, transparência e benevolência com leitores. O desfecho secundário foi travestido de primário sim, mas eu vejo isso por outras razões. Tenho alguns pontos, que serão lançados sequencialmente nos comentários. Ficou extenso. Lucas Helalnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-6645175564774200402018-09-20T09:08:03.541-03:002018-09-20T09:08:03.541-03:00Vcs podem me indicar um bom artigo de leitura crít...Vcs podem me indicar um bom artigo de leitura crítica de artigos científicos? ObrigadaAnonymoushttps://www.blogger.com/profile/17609441407901251494noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1645755035470344918.post-11193078693314150792018-09-19T22:35:58.024-03:002018-09-19T22:35:58.024-03:00Luis, parabéns, muito criativo como sempre. Esses ...Luis, parabéns, muito criativo como sempre. Esses tempos tivemos extenso debate com revisor sobre detalhes frescuras de diferença entre o protocolo e o trabalho. O NEJM é realmente um misto de berço de inovações e sócio do status quo. Não por grana ou corrupção explícita, mas pelo que bem disseste, "the environment". Editores, revisores e o escambau estão sempre carentes de trabalhos para justificar sua prática, que logo ficam abrigados pela aura de inovação que marca os trabalhos do NEJM em geral. Escreva uma carta, please, mesmo que aceita não vai mudar nada (tenho orgulho de um artigo do Horton, editor do Lancet, publicado no JAMA, sobre a desimportância dadas as cartas que identificam os defeitos dos artigos publicados, inclusive no Lancet, onde usa uma carta minha sobre um dos estudos tortos de anti-hipertensivos). Mas tenho o consolo que um futuro arqueólogo de falácias médicas (tenho dificuldade de usar o termo científico, pois como purista, acho que não pode haver falácia científica, somente mentira travestida de ciência) encontre uma indicação de que havia independência e alguma luz na era das trevas científicas. Grande abraço, Flávio Fuchshttps://www.blogger.com/profile/10139589522627946384noreply@blogger.com