Em retrospectiva do ano 2009, devemos refletir quais estudos tiveram maior impacto na área cardiovascular. Em minha opinião, o principal trabalho de 2009 foi o estudo RE-LY (NEJM 2009;361:1-13), o qual demonstrou que o Dabigatran, um antitrombínico direto por via oral, apresenta eficácia semelhante (110 mg/dia) ou superior (150 mg/dia) quando comparado a Warfarina na prevenção de AVC em pacientes com FA crônica, associado a menor (110 mg/dia) ou igual (150 mg/dia) incidência de sangramento maior. Tudo isso com a vantagem do tratamento não requerer monitoramento laboratorial do efeito anticoagulante. Imagino que nos primeiros anos de comercialização desta droga, os pacientes que mais têm dificuldade de realizar um monitoramento laboratorial adequado do uso de Warfarina (indivíduos de baixo nível sócio-econômico) serão aqueles com maior dificuldade para adquirir a droga. Por outro lado, o estudo serve de prova de conceito sobre uma perspectiva de anticoagulação mais prática, mais segura na dose menor e mais eficaz na dose maior. Ou seja, para pacientes com alto risco de sangramento, daríamos preferência ao esquema mais seguro e de eficácia igual à Warfarina. Para os pacientes com baixo risco de sangramento, daríamos preferência ao esquema de segurança semelhante e de eficácia superior à Warfarina. Tudo isso sem precisar dosar TP. Parece um sonho ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário