quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Terminou a Farsa do Ginkgo Biloba

Em situações de plausibilidade ou gravidade extrema se faz justificável adotar condutas médicas sem evidências científicas de seu benefício. Este é o Paradigma do Para-queda: não precisamos de um ensaio clínico randomizado para saber que o uso deste device reduz a mortalidade de indivíduos que pulam de um avião. Por outro lado, a prática médica está repleta de condutas que não se aplicam ao Paradigma do Para-queda, nem possuem evidência científica de eficácia/segurança. Após alguns anos de lucro da indústria farmacêutica, estas condutas são desbancadas por ensaios clínicos randomizados.
O mais recente exemplo é o Ginkgo Biloba. Nunca entendi porque esta droga ficou tão popular nas prescrições médicas. Segundo informação da CNN, o lucro da indústria farmacêutica com a venda desta substância nos Estados Unidos foi de 98 milhões de dólares em 2008. Hoje foi publicado no JAMA (302(24):2663-2670) o ensaio clínico randomizado Ginkgo Biloba for Preventing Cognitive Decline in Older Adults, onde 3.000 indivíduos > 72 anos (média 79 ± 3 anos) foram randomizados para Ginkgo Biloba ou placebo, não sendo observado nenhum benefício cognitivo em seguimento de 6 anos.
É assim mesmo, a história se repete. Foi assim com terapia de reposição hormonal para prevenir eventos cardiovasculares; Levosimedan em substituição a Dobutamina em pacientes com IC aguda; Rimonabant para perda de peso; e muitos outros exemplos onde a informação científica adequada mostrou que o uso sem evidência científica foi precipitado. Pelo menos, o estudo não mostrou que Ginkgo Biloba é prejudicial. Em breve surgirão as viúvas do Ginkgo Biloba, que inventarão uma sérias de críticas ao estudo do JAMA, na tentativa desesperada de preservar uma parcela dos 98 milhões anuais. Quando será que a comunidade médica vai aprender?

5 comentários:

  1. Quando a corda da ciência fica escorregadia, os oportunistas pulam para a do misticismo!
    Parabéns pela decisão de blogar.
    Vou acompanhar,

    Manellis

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  2. Aqui no Brasil a comercialização do Ginkgo Biloba
    também é altíssima.
    Parabéns por colocar no "blog" a informação presiza da ineficácia.
    Themístocles.

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  3. Que pena tenho de vocês , sem falar dos semi analfabetos
    que nem sabe do que estão falando , depois de analisarem
    pessoas com problemas de circulação por longo tempo ,
    falem com certeza e façam justiça , sejam imparciais .

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  4. Já entendi vocês só aprovam comentários favoráveis a vocês .

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  5. Esse post ficou mais atual do que nunca nos idos de 2020, um dia fariam o mesmo com uma tal cloroquina e sua prima hidroxicloroquina. A MBE mais uma vez provou sua força!

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