Como primeira postagem deste ano novo, decidi escrever sobre o principal fenômeno da natureza: o acaso. Reconheço que pode parecer uma heresia falar de sorte ou azar em um blog científico. Porém essa aparência decorre do fato de que o acaso não recebe do pensamento comum o valor que merece. Há inclusive aqueles que julgam que o acaso inexiste: “nada é por acaso.”
No entanto, os matemáticos já demonstraram de forma irrefutável a existência deste fenômeno. Aliás, nem é preciso ser tão matemático assim. Jogue uma moeda para cima 10.000 vezes. Obviamente, perceberá que a moeda cairá com cara para cima a metade das vezes. Pode repetir esse experimento quantas vezes quiser, o mesmo sempre ocorrerá. Essa é uma simples prova de que não há um fator causal interessado que a moeda caia predominantemente em cara ou coroa. Se não há um fator causal, é tudo aleatório (acaso). E a prova de que o aleatório existe é que podemos predizer quantas vezes a moeda cairá em cara. É só saber a regra do jogo, ou seja, saber as leis de probabilidade.
O acaso está intimamente relacionado ao pensamento científico. Isto porque a função primordial da ciência é identificar associações causais, entender como os fenômenos acontecem. Neste processo é muito importante que o cientista leve em consideração que muitos fenômenos não possuem causa específica, se dão por obra do aleatório. Sendo assim, fazer ciência é diferenciar acaso de causa. Há coisas que decorrem de uma causa (fumar causa câncer) e há outras que existem por acaso. A utilização de metodologia científica adequada discrimina causa de acaso. Metodologia científica é uma forma de evitar erros de observação decorrentes de vieses ou do acaso. Isso se faz necessário, pois observações carentes de metodologia nos fazem concluir por falsas relações causais. E isto ocorre todo dia, a todo momento quando pensamos intuitivamente.
Por exemplo, quando julgamos que um paciente sobreviveu a uma condição grave devido a uma promessa que fizemos, estamos estabelecendo uma relação causal (promessa → sobrevida). No entanto, quase todo paciente (mesmo grave) tem alguma probabilidade de sobreviver. Na realidade, houve uma coincidência entre o paciente ter (aleatoriamente) sobrevivido e termos feito uma promessa. Mas o que costumamos fazer é uma análise retrospectiva enviesada, pensando que se o paciente sobreviveu, foi porque rezamos. E nos esquecemos (memória seletiva) de todos os outros casos em que promessas foram feitas e o paciente não sobreviveu.
O leitor neste momento deve estar me julgando cético ao afirmar que promessa não influencia na sobrevida. Mas só estou fazendo esta afirmação pois esta hipótese foi testada cientificamente. Revisão sistemática da Cochrane meta-analisou 10 ensaios clínicos em que 7.046 pacientes críticos foram randomizados para reza intercessória ou não reza: não houve associação entre reza e sobrevida. Essa é a beleza da ciência. Ciência nada mais é do que uma observação cuidadosa da natureza. Não temos o direito de simplesmente acreditar ou não acreditar. O que precisamos fazer é observar se o fenômeno é verdadeiro ou não. E a melhor forma de observar é por meio da metodologia científica, prevenindo vieses e a confusão entre acaso e causa.
Provavelmente a prece tem benefícios psicológicos ou espirituais para quem está rezando (não estou sugerindo que serve para nada), porém não reduz mortalidade. E este conhecimento a respeito dos efeitos da prece é muito importante, pois se houvesse associação causal com sobrevida, a prece deveria fazer parte dos protocolos assistenciais de pacientes críticos, como indicação classe I. Ao saber que não há esta relação causal, não precisamos estruturar nossos serviços para esta conduta, não precisamos montar um time de prece. Isto fica então a gosto do cliente ou da família, que deve rezar se isso os fizer sentir bem.
Neste ponto do texto, percebam que partimos do acaso, passamos pela ciência e chegamos na religião, de forma natural, em uma discussão que aproxima ciência e fé. Porém muitos religiosos preferem distanciar ciência e fé, pois desta forma fica mais fácil criar mitos e crenças de acordo com seus interesses, sem que haja uma filosofia por trás disso tudo. Pensar e procurar entender nosso universo, como ele funciona, não é uma heresia. Estudar cientificamente os efeitos da fé é um ato de respeito a esta prática comum a inúmeras culturas. Esconder-se atrás dos “mistérios da fé” é fugir da reflexão, congelar nosso cérebro e consequentemente nossa alma. Foi isso que quis dizer Pauster: "um pouco de ciência nos afasta de Deus, muito nos aproxima".
Um dos maiores equívocos de nosso pensamento intuitivo é a propensão de não reconhecer o acaso como um dos principais determinantes dos eventos a nossa volta, tal como abordado por autores como Leonard Mlodinow ("O Andar do Bêbado") ou Thomas Gilovich ("How We Know What Isn’t So”). Muitas vezes, inconscientemente, preferimos atribuir nosso destino a falsas relações causais, pois nos sentimos mais em controle quando pensamos entender o porquê das coisas. Porém às vezes não há um porquê, é tudo aleatório. Ou pelo menos uma mistura do aleatório com variáveis causais. Na realidade, o mundo é multivariado, não cartesiano, não determinístico, no sentido de que um fenômeno é provocado por uma multiplicidade de fatores: fatores causais mais o acaso. Nos modelos estatísticos multivariados, sempre há o resíduo, que é a variabilidade não explicada por nossas equações preditoras. Estes resíduos decorrem do acaso.
Um dos filmes mais brilhantes de Woody Allen é Match Point, uma apologia ao acaso. A metáfora é o match point do jogo de tênis, quando ganhar ou perder apenas um ponto pode determinar o destino de um jogo. Na primeira cena do filme, a bola bate na extremidade superior da rede, se desloga verticalmente para cima e a imagem congela. A partir deste momento, a bola começaria a descer, mas para que lado da rede? Aí entra o aleatório, determinando o destino daquela jogada. Poderia sera apenas o destino de uma jogada, mas muitas vezes o “efeito borboleta” se faz presente: um fato aparentemente de pequena importância promove grandes consequências, por uma reação em cadeia. O resultado de apenas um ponto em um jogo de tênis pode determinar seu destino final. Isso aconteceu quando uma tal seleção brasileira de voleibol perdeu o jogo quase ganho em uma dessas recentes olimpíadas. A vida é assim, um minuto a mais ou a menos pode determinar que der tempo de pegar aquele trem, no qual conheceremos o amor de nossa vida, por acaso. Um minuto é um pequeno detalhe que pode ter grandes consequências. A isso se chama de “efeito borboleta”.
O termo "efeito borboleta" decorre da metáfora de que o deslocamento de ar decorrente do simples bater das asas de uma borboleta pode provocar grandes fenômenos meteorológicos, se o ambiente estiver propício a isto. Neste sentido, o físico quântico Max Born, ganhador do Prêmio Nobel, afirmou que "o acaso é um conceito mais fundamental que a causalidade".
O termo "efeito borboleta" decorre da metáfora de que o deslocamento de ar decorrente do simples bater das asas de uma borboleta pode provocar grandes fenômenos meteorológicos, se o ambiente estiver propício a isto. Neste sentido, o físico quântico Max Born, ganhador do Prêmio Nobel, afirmou que "o acaso é um conceito mais fundamental que a causalidade".
Daí vem nosso insight espiritual, a mensagem que conecta ciência, acaso e fé. Com sua forma onipresente de ser, o acaso assume um caráter divino quando nos damos conta de que esta é a ferramenta com a qual Deus rege o mundo. Isso mesmo, Deus comanda o mundo de forma aleatória. Deus não seria mesquinho para castigar alguém provocando uma doença, ao atribuir uma condição de saúde plena a outra pessoa. Deus não provocaria uma grande terremoto do Haiti de forma proposital. Deus não fará com que o Brasil ganhe a copa do mundo de 2014, em detrimento de outras seleções. Deus não é brasileiro. Como bem demonstrado pelo filme filosófico-cômico de Jim Carrey, Almight, Deus ficaria louco se tivesse que decidir por tudo isso. A verdade é que de forma serena, Deus utiliza o acaso como a maneira de "determinar" nosso destino. O acaso é a ferramenta divina.
Sendo assim, neste início de ano, deixamos aqui a Oração do Acaso. Oremos para que em 2014 o acaso esteja ao nosso lado sob a forma de sorte. Em segundo lugar, desejo que saibamos reagir adequadamente quando o acaso se apresentar sob a forma de azar. Pois muito do nosso destino decorre das nossas reações ao acaso. Finalmente, devemos sempre nos lembrar que fenômenos causais existem e reconhece-los cientificamente, identificando as condutas (médicas ou cotidianas) que interferem em nosso destino. Nosso “destino” depende da interação entre nossas escolhas e o acaso.
Feliz 2014.
* Devo o título deste texto ao amigo-cientista Bruno Solano, que durante uma discussão filosófica apresentou a ideia.
* Este texto resume o conteúdo de nossa conferência durante o debate Medicina e Fé, promovido por Padre Bento no Hospital São Rafael. O vídeo desta conferência será publicado em breve neste Blog.
Feliz 2014.
* Devo o título deste texto ao amigo-cientista Bruno Solano, que durante uma discussão filosófica apresentou a ideia.
* Este texto resume o conteúdo de nossa conferência durante o debate Medicina e Fé, promovido por Padre Bento no Hospital São Rafael. O vídeo desta conferência será publicado em breve neste Blog.
Adorei o post. Gosto muito desse tema “O Acaso “e O inconsciente agindo e influenciando as nossas decisões, mais até do que imaginamos.Adorei a citação dos meus filmes prediletos, Match Point, que faz várias referências ao acaso.
ResponderExcluirAlém da cena inicial do jogo de tênis, tem uma outra que é uma analogia ao jogo de tênis que é a cena que o ator principal joga o anel no Tâmisa, porem ela bate e volta e um mendigo o encontra e acaba sendo preso pela polícia com o ane ( a prova material) e fica como o assassino( o acaso livrou o verdadeiro assassino da cadeia).Essa cena pra mim é a principal.
Infelizmente não vi sua palesta sobre medicina e fé no HSR( uma falha).Como você demostrou neste post, rezar, ter fé não diminui mortalidade.
Mas já me questionei diversas vezes, principalmente passando o boletim médico para familiares de pacientes graves em unidade de terapia intensiva, se a religiosidade ( independente de qual a religião) não influencia na maneira de aceitar a doença, aceitar a terminalidade, aceitar que a medicina ainda não tem todas as soluções para diminuir mortalidade.
Para os familiares e para o próprio paciente ainda lúcido que recebe um diagnóstico de câncer em fase terminal ?Será que a acreditar em algo além da medicina não faz diferença? A tal resiliência tão falada hoje pela psicologia? Será que a aceitação da morte, do final da vida é igual para uma pessoa espírita, católica , agnóstica ou atéia?
Em determinados momentos precisamos acreditar em alguma coisa, uns na ciência, outros na religião, outros em milagres para assim suportar a dor da perda e da incapacidade da medicina em curar e aceitar que a vida tem fim.Será que o sofrimento não é atenuado?
Normalmente, entro só para elogiar, mas tenho que dizer que não gostei deste texto. A começar pelo exemplo da moeda.
ResponderExcluirSe você jogar uma moeda para cima 10.000 vezes, ela dificilmente cairá com cara para cima a metade das vezes. E quanto mais nós repetirmos, veremos que ocorrerá de forma diferente a cada experimento. Aliás, por razões que você mesmo já explicou de forma excelente no próprio blog. Rs.
Dizer que as observações não diferem do intervalo esperado é ligeiramente diferente de dizer que elas sempre ocorrem da mesma forma. Imagino que tenha simplificado isso para tornar o post mais curto, porém, num texto em que o acaso é um dos temas centrais, passar por cima desses detalhes foi um pecado.
De uma forma ou de outra, a conclusão é que incomodou mais. Por que a distribuição igual implica que não há um fator causal? O fator causal pode pender para o equilíbrio. E se podemos prever algo, como isso é prova de que o evento é aleatório? Precisamente o contrário. Continuando com o exemplo da moeda, eu diria que “a prova de que o aleatório existe é que não podemos predizer se o próximo lance será cara”.
Também achei o final irônico. Se a tese é de que o acaso rege o mundo, de que adiantam orações?
Terminei virando leitor assíduo do blog. Rs. Talvez vire o "comentarista" mais chato também.
Abraços
Felipe, refleti bastante sobre o seu comentário e acho que houve um equívoco na interpretação de causalidade e acaso. O conceito de acaso pressupõe a probabilidade (risco de ocorrência) de QUALQUER evento é a MESMA para cada momento em questão. Logo, não há diferenças nas diferentes possibilidades de eventos ocorrerem, de modo que QUALQUER coisa PODE ACONTECER em CADA momento. Repito: “pode acontecer” e não que “vai acontecer”. De fato, apenas 1 evento vai acorrer a cada momento (por exemplo, se esperamos uma ligação a respeito de uma resposta de trabalho, apenas uma coisa vai acontecer: ou teremos uma resposta positiva ou negativa, e não as duas coisas simultaneamente). Mas a grande questão é que, por não termos diferenças entre os riscos de ocorrência de ter uma resposta positiva e negativa, nós não poderemos predizer (inferir) qual resposta ocorrerá (se será negativa ou positiva), ou seja, permanecemos na dúvida pelo fato da nossa compreensão não identificar diferenças. Se há regras que determinam essa ocorrência, não sabemos denominar quais. Por isso denominamos acaso. É uma limitação da nossa capacidade de entendimento sobre a natureza das coisas, e não da natureza em si, que se manifesta de forma específica (ou positiva ou negativa), mas a determinação dessa forma independe da nossa capacidade de compreensão.
ExcluirDito isso, você só pode afirmar que a moeda não cairá na metade de vezes de 10.000 vezes se: ou a moeda está viciada (há uma causa que justifique o ocorrido, ou seja, o risco de cara difere do risco de coroa, logo não há acaso) ou o número de vezes não é grande o suficiente para chegar a neutralizar o valor, de modo que se continuarmos a jogar, irá neutralizar.
Isso é epistemologia. É um raciocínio sobre como sabemos o que sabemos sobre a natureza das coisas, porque só podemos afirmar que sabemos se pudermos explicar como sabemos e, por consequência, as limitações disso. Logo, para eu afirmar o contrário do acaso (causa) eu preciso provar, identificar diferenças. Do contrário, fico com o acaso: a probabilidade da moeda vai ser a mesma sempre. As observações não vão ocorrer da mesma forma em cada momento, mas a probabilidade de ocorrer é a mesma — esse é o ponto.
Balizamos essa probabilidade de uma ocorrência pela contabilização do número de ocorrências de um montante maior. Sendo assim, se não há diferenças entre a probabilidade de diferentes eventos ocorrerem, tudo pode ocorrer. Tudo é qualquer coisa. Não há diferença. Logo, nada está determinado. Não há causa, ao menos não uma causa determinável por nós. Mas, obviamente, apenas uma única coisa irá ocorrer, a grande questão é que não podemos dizer o que. Mais uma vez: a limitação é nossa e não da natureza. Logo, uma distribuição igual anula a existência de causas conhecidas por nós. Não poder prever é prova de que qualquer coisa pode acontecer. Quando podemos prever é quando, de fato, há diferenças.
Ah, e considere a oração uma demonstração de humildade: pedir a regência da natureza (Deus) que o que melhor aconteça tem como pressuposto reconhecer a nossa pequenez diante da vida por justamente não podermos determinar o que vai acontecer.
Peço desculpas pelo tamanho da resposta: achei interessante o seu questionamento e preferi pecar pela redundância na explicação do que por não destrinchar o raciocínio o suficiente :)
Prezado Felipe,
ResponderExcluirsendo este post uma expressão filosófica de uma ideia nova, é natural que cause estranheza a alguns. Porém não houve ironia alguma, expressei o que de fato penso na conclusão.
Não houve simplificação alguma no parágrafo que tento demonstrar a presença do aleatório. Pode ter lhe causando confusão, pois o pensamento comum tente a interpretar o aleatório como algo anárquico. Porém o aleatório é a expressão da organização, o caos é o que há de mais organizado. Se pensarmos em jogar uma moeda infinitas vezes, o número de caras e coroas será idêntico. Assim como a probabilidade de um dado número ser sorteado em uma roleta é igual a qualquer outro número. Portanto, o aleatório é isento de preferência, diferente de uma relação causal. Trazendo isso para metodologia científica, é usando o aleatório (randomização) que conseguimos obter grupos idênticos a serem comparados em ensaios clínicos.
A confusão se dá quando pensamos que o aleatório é desorganizado. Reflita sobre isso.
Janine,
ResponderExcluirconforme colocado na primeira sentença do sexto parágrafo, concordo com você que para algumas pessoas a prece tem benefícios de plausibilidade extrema. Minha ideia principal é que há diferentes tipos de preces que podem nos fazer bem. Neste caso, proponho a Oração do Acaso.
Reger o mundo usando o acaso e não reger não é a mesma coisa?
ResponderExcluirIago, achei interessante a sua pergunta e tentei responder: Não. Porque o acaso é uma ideia que temos sobre a realidade, ou seja, como denominamos a nossa concepção sobre o que não podemos compreender a respeito dos desígnios de Deus, do modo como Deus opera (o que não implica não existir um modo pelo qual Ele opere, afinal, a ausência de evidência não evidencia a ausência). Logo, a definição de acaso rege os limites de até onde podemos fazer algo a respeito, já que além disso, literalmente qualquer coisa pode acontecer independente de que façamos ou de sequer constatarmos. Nesse sentido, afirmar “não reger” seria inferir que não há algo maior que nós, que os limites da nosso conhecimento coincidem com os limites da realidade. Enquanto que “reger através do acaso”, implica em estabelecer que há uma regência, mesmo que incompreendida por nós e, justamente por não compreendermos a ponto de realizar predições, denominamos acaso.
ExcluirIago, penso que a prece seja de fato o momento da entrega. Entrega que assume a nossa impossibilidade de "reger o mundo", como voce colocou muito bem. Assim sendo, a prece, ou qualquer intenção de contato metafisico, é uma forma de se colocar à disposição, à serviço, do ..acaso. Talvez este despeendimento consciente seja o que mais se aproxime da ideia de religiosidade. Orar talvez traga conforto ao parente , e talvez, (eu disse talvez) , ao paciente em um nivel que não podemos acessar de forma cientifica. e nunca poderemos , pois nem só de ciencia vive o homem.
ResponderExcluirAdorei o texto ! A adorei a sua colocação do "não reger". Isto nos coloca no nosso devido lugar!!!
É importante que cientistas estejam sempre alertas das armadilhas típicas dos experimentos e estatísticas. Um caso típico é confundir correlação com causalidade, por exemplo: tabelar mortalidade infantil e acompanhamento pré-natal, observar que acompanhamento pré-natal é correlacionado com mortalidade infantil menor e concluir que o acompanhamento reduz a mortalidade. Os bons cientistas não vão fazer tal conclusão tão precocemente e vão procurar explorar outras alternativas (renda não seria correlacionada também com ambas variáveis?) e oferecer ao menos uma explicação de como a dependência funcionaria.
ResponderExcluirNo entanto, não sei se procurar Deus ou o sentido da vida nas ciências naturais é tão simples assim: o exemplo de ficar jogando moedas para testar a média é uma boa caricatura da ciência empírica...
Luiz Claudio,
ResponderExcluirUm paciente meu, indicou a palestra abaixo, como contestação e proselitismo a favor do tabagismo
https://www.youtube.com/watch?v=Dw7ME4vVNnc
Achei inusitado, e resolvi trazer ao teu blog
Belo post
Abraço!
Livio
A revisão da Cochrane é taxativa, porém causa repúdio em quem reza/ora. Ainda levantariam vieses como a qualidade da prece ou a aceitação de quem a recebe? O estudo parte do princípio de que o recebedor/avaliador das preces é único e o verdadeiro?
ResponderExcluirRelacionar sobrevida de enfermos a preces é curioso e pode ser irônico, além de frustrante. Não vejo necessidade. Uma visita a qualquer CTI sugere o resultado, quiçá uma visita a alguma enfermaria/PS do SUS onde se tem ainda menos resultados e mais orações. Fervorosas.
A ciência, em muitas situações, admite como causa de doenças ou seus agravamentos a estados psíquicos depressivos, pessimistas etc. Se somos capazes de somatizar doenças e/ou seus agravamentos, não seria razoável pensar que também poderíamos somatizar saúde?
ResponderExcluirConheci um sujeito que estava prestes a morrer, por causa de uma doença grave.
ResponderExcluirCom muita insistência, ele rezava assim: "Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres!"
...
Alguém pode dizer que sua oração foi infrutífera?
Luiz acho essa assunto um tanto polemico e tb interessante. Já refleti sobre esse tema e fui atrás de respostas. Então fui estudar espiritualidade e conheci uma doutrina que me abriu muito os sentidos. Para entendermos um fenômeno temos que iniciar por argumentos sólidos ou seja partirmos de algo logico e seguirmos uma linha racional.
ResponderExcluirSe formos analisarmos a interdependencias das coisas em td que existe vejo que pra onde a ciencia aponta existe uma conexao entre td. Olhe para o universo e olhe para o mundo microscopico incluindo o meio molecular como tb das particulas e vamos ver uma relaçao ou seja uma interdependencia entre td.
Um explosao na crosta solar traz tempestades que interfere nos meios de comunicação.
No interior de um átomo existem particulas correlacionadas e uma vez que separamos essas particulas mesma que por distancias cosmicas mesmo assim elas estarão ligadas um exemplo disso são os eletrons correlacionados.
Com relação a religião se existe alguma coisa que rege isso chamemos de Deus ou Alá Ou fonte não importa tem que ser melhor do que nós. Se um pai ou mãe nao querem o pior para os seus filhos pq achar que esse ser queria? Então não pq umas nascem cegas, surdas, paralíticas e pobres no haiti enquanto outras nascem com tds as caracteristicas opostas ?
Então concluindo para explicar o meu entendimento do acaso : é que ele não existe e sim fruto das consequencias das escolhas passadas e se essas escolhas não estao nesta vida só pode está em outras vidas. Sendo Deus só o criador das criaturas e das leis que regem essas mesmas criaturas.
Deus seria a inteligencia suprema.
Todas as outras coisas estariam submetidos as suas leis supremas.
Os orientais a chama de Carma e Darmas.
Os espiritas a chamam de causa e efeito.
Não tem no meu entender explicar o acaso de outra forma melhor que essa.
"Se pensarmos em jogar uma moeda infinitas vezes, o número de caras e coroas será idêntico."
ResponderExcluirNão.
Não se pode fazer relações de igualdade no infinito.
Pois se jogarmos uma moeda infinitas vezes, o número de caras será infinito e o número de coroas será infinito, e a relação de igualdade entre dois infinitos não está matematicamente definida.
Você poderia afirmar que se atirarmos a moeda um número X bem grande de vezes, então o número de coroas tenderia a ser igual ao número de caras. Mas dificilmente seria exatamente igual. Existe uma distribuição de freqüências para as probabilidades de se obter um determinado número de caras e de coroas, e esta distribuição é a de Bernoulli.
Quando vc se apega a teorias singulares é muito provável que deixe de entender o conceito, a mensagem que emerge da leitura. O texto deve ser lido com a profundidade que a filosofia exige e com a humildade daqueles que querem aprender algo diferente. Portanto, tenhamos um visão mais receptiva, não sejamos tão rigorosos, afinal, ciência e religião, ao serem tratados em conjunto, evocam uma série de dúvidas sem respostas. Li sua publicação e achei muito proveitosa, excelente, parabéns!
ResponderExcluirAcaso: do latim "a casu", sem causa.
ResponderExcluir"... há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restritas às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir..." - Livro dos Espíritos.
Se levar em consideração que o "acaso" é algo "sem causa", mas não no sentido de que essa causa não exista, e sim de que essa causa não possa ser explicada pela nossa inteligência... ou seja, "acaso" é algo "sem causa explicada" ao nosso entendimento, então sim, concordo que o "acaso" é uma ferramenta divina.
A expressão "nada é por acaso", e agora usando o sentido de "sem causa", só reforça a idéia de que "...Deus não seria mesquinho para castigar alguém provocando uma doença, ao atribuir uma condição de saúde plena a outra pessoa. Deus não provocaria uma grande terremoto do Haiti de forma proposital. Deus não fará com que o Brasil ganhe a copa do mundo de 2014, em detrimento de outras seleções. Deus não é brasileiro...". O fato de não termos sentidos para "entender a causa" dessas coisas, não significa que a causa não exista...
Excelente discussão filosófica!
Quem diria que o acaso me traria aqui novamente após quase 6 anos de meu comentário. Nessa época, eu não tinha uma compreensão tão boa sobre ele.
ExcluirHoje, ao estar próxima de terminar a leitura do livro “O andar do bêbado”, lembrei do senhor com a seguinte frase de Max Born: “o acaso é um conceito mais fundamental que a causalidade”. Agradeço por abrir minha mente para o mundo da aleatoriedade.