domingo, 21 de fevereiro de 2010

Câncer de Mama e Triagem Precoce



No post “Quando a Evidência é Impopular” comentamos sobre a publicação do US Preventive Task Force, que recomenda contra mamografia de rotina em mulheres com menos de 50 anos. Voltamos a esse assunto, pois o último número do Annals of Internal Medicine publicou as Cartas ao Editor que dizem respeito a este assunto. Interessante notar que a resposta da comunidade científica às recomendações do USPTF foi bem diferente da comunidade assistencialista. Enquanto na imprensa leiga médicos radiologistas e mastologistas criticaram agressivamente a contra-indicação de mamografia rotineira abaixo de 50 anos, as Cartas ao Editor reforçaram a recomendação do Task Force. As críticas apresentadas foram de que a contra-indicação da mamografia deveria ter sido mais enfática: enquanto o Task Force foi claro em afirmar que o benefício da mamografia é pequeno, faltou ênfase nos efeitos negativos do screening precoce.


The Task Force now recommends against breast screening in women aged 40 to 49 years, but the harms may outweigh the benefits in all age groups. An effect of 15% and an overdiagnosis rate of 30% mean that for every 2000 women invited for screening throughout 10 years, 1 woman will have her life prolonged and 10 healthy women, who would not have breast cancer diagnosed if there had not been screening, will be treated unnecessarily. Furthermore, about 1000 women in the United States will have had a false-positive diagnosis. The psychological strain until one knows whether it was cancer can be severe. The harms caused by overdiagnosis are lifelong.


Neste mesmo número do Annals os Editores escreveram o artigo intitulado When Evidence Collides With Anecdote, Politics, and Emotion: Breast Cancer Screening.

The outcry over the Task Force's most recent recommendation shocked many. Over the past decade, Annals has peer-reviewed and published more than 50 USPSTF recommendation statements and background reviews. None of the previous guidelines grabbed the public's attention as much as the Task Force's recommendation against “routine screening mammography in women aged 40 to 49 years.”


It is difficult to be dispassionate about breast cancer. Nearly everyone knows (or is) someone whose breast cancer was found on a mammogram. Many perceive that the mammogram “saved a life.” Unfortunately, only a fraction of abnormalities initially detected on mammography and subsequently treated truly represents a life saved rather than unnecessary or premature treatment. Sadly, it is also true that many women who have cancer detected by screening succumb to the disease despite early detection and treatment.


The initial reaction to the Task Force recommendations might have been less vehement had the potential negative consequences of alternative recommendations also been considered.


Percebemos que a reação da comunidade científica (baseada em evidências) foi bastante favorável à principal conclusão do Task Force. O que presenciamos na imprensa leiga foi apenas uma desesperada reação (não baseada em evidências) baseada em conflitos de interesse e Psicologia do Médico Ativo.

A assim a medicina vai evoluindo. Acredito que a maior evolução da medicina do novo milênio será no pensamento médico, mais do que em tecnologia. Essa é minha visão otimista.

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