Após a tentativa de atentado no vôo da Delta de Amsterdan para Detroid no dia 25 de dezembro, o governo americano está voltando a utilizar backscatter scanners para vasculharem o corpo dos passageiros na entrada dos portões de embarque. Estes aparelhos vinham sendo substituídos por uma versão que não oferece radiação ionizante, porém a imagem é de pior qualidade. Com o pânico gerado pelo quase atentado, o Transportation Security Administration passou a priorizar a qualidade das imagens, voltando à preferência pelos backscatter scanners que utilizam radiação ionizante. Desta forma, o governo americano está adquirindo 450 novos backscatter scanners, para serem colocados nos aeroportos do país. E não é só nos Estados Unidos, Inglaterra e França estão com a mesma tendência.
The New York Times chamou a atenção nesta semana para o risco de câncer provocado por estes aparelhos em época da guerra contra o terror. Individualmente o risco é muito baixo, pois a quantidade de radiação é mínima, correspondente a 1% da radiação de um exame comum de raio-x. Porém o impacto pode ser maior do ponto de vista populacional. Ou seja, considerando o grande número de pessoas a serem escaneadas de forma repetida, o número absoluto de casos de câncer atribuídos ao problema pode não ser desprezível. Em 2002, um relatório do National Council on Radiation Protection and Measurements sobre estes equipamentos afirmou que “não poderia excluir a possibilidade de câncer fatal, quando um grande número de pessoas é exposto a doses baixas de radiação”.
Pessoalmente, acho que tudo é uma questão de risco/benefício. Tem que se avaliar se o benefício da prevenção de mortes por atentados terroristas suplanta o risco de morte por câncer. Ou seja, calcular o NNT para prevenção de um atentado e comparar com o NNH para morte por câncer.
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